História da Organização

A história das Aldeias de Crianças SOS em Portugal e no Mundo

 

As Aldeias de Crianças SOS nasceram em 1949 na Áustria, após a Segunda Guerra Mundial, quando Hermann Gmeiner, educador de infância, quis fazer algo pelas crianças que perderam os seus pais durante a Guerra. Assim, fundou a primeira Aldeia SOS, em Imst, de forma a construir famílias cheias de amor e comunidades de apoio para as crianças.  

Hermann Gmeiner com as cuidadoras de referência
da primeira Casa de Acolhimento Residencial em Imst, na Áustria. 

 

Com o generoso apoio de doadores, parceiros e amigos, a visão de Hermann Gmeiner de devolver às crianças sem cuidados parentais esses mesmos cuidados num ambiente familiar, e de ajudar as famílias a permanecerem juntas para que possam cuidar dos seus filhos, cresceu e prosperou ao longo de sete décadas.  

Hermann Gmeiner foi presidente das Aldeias de Crianças SOS até 1985 e faleceu um ano depois, precisamente no ano em que se alcançou o marco das 230 Aldeias SOS em todo o mundo. A nossa Organização já foi nomeada 14 vezes para o Prémio Nobel da Paz e tem estatuto consultivo junto do Conselho Económico e Social da Organização das Nações Unidas. 

Atualmente, as Aldeias de Crianças SOS são uma federação mundial e estão presentes em mais de 130 países e territórios em todo o mundo. Ajudamos milhões de crianças, jovens e respetivas famílias através de programas de cuidados alternativos, fortalecimento familiar, educação, saúde e emergência, adaptados para cada local e realidade, assegurando que todas as crianças tenham os seus cuidados.  

As Aldeias de Crianças SOS continuam a contribuir para comunidades mais fortes, sistemas de apoio a crianças e jovens em situação de vulnarabilidade e, assim, tornar o mundo melhor! 

Somos a maior organização do mundo a apoiar crianças e jovens em perigo ou em risco de perder o cuidado parental. Trabalhamos para que nenhuma criança cresça sozinha. Dizemos orgulhosamente que somos a “maior família do mundo” e por esta “família” já passaram mais de 4 milhões de crianças e jovens! 

Em Portugal

desde 25 de março de 1964

As Aldeias de Crianças SOS chegaram a Portugal em 1963, quando Maria do Céu Mendes Correia e Palmira Cabrita Matias, que fundaram 3 anos antes o “Lar da Nazaré” (que acolhia apenas meninas), se reuniram com o próprio Hermann Gmeiner para, juntos, colaborarem em prol das crianças afetadas pelos problemas sociais que afligiam o país, em que muitas crianças viviam em grande miséria física e moral, sem o seu bem-estar assegurado. No dia 25 de março de 1964, fundou-se efetivamente a Associação das Aldeias de Crianças SOS de Portugal, para acolher tanto meninos como meninas, sem separar os irmãos biológicos (algo muito inovador, mesmo aos dias de hoje, e que representa um pilar da Organização a nível internacional, desde a sua fundação).   

Em 1967, foi inaugurada a nossa primeira Casa de Acolhimento Residencial, a Aldeia SOS de Bicesse, em Cascais, com três casas para as primeiras crianças e seus cuidadores. Pudemos contar com a presença do Secretário Geral das Aldeias de Crianças SOS internacional, Hansheinz Reinprecht que, ao longo dos anos seguintes, manteve uma relação muito próxima com a Associação. Cinco anos depois, já contávamos com 9 casas na Aldeia SOS de Bicesse.  

Quem somos

Casa de Acolhimento Residencial (CAR/Aldeia SOS) de Bicesse

Em 1973, a Associação consegue que o Governo aprovasse o pedido apresentado para que as crianças em Instituições passassem a usufruir de assistência médica e medicamentos, da Previdência Social. Esta medida veio a beneficiar mais de 14 mil crianças.  

Em 1975, abrimos o Campo de Férias SOS do Meco (Quinta dos Cardosos, na Aldeia do Meco, distrito de Setúbal), graças à solidariedade do proprietário, que generosamente nos cedeu o terreno. Desde esse ano que as crianças e jovens aos cuidados da Associação podem usufruir da natureza e do mar, durante os meses de verão, e criar memórias inesquecíveis de uma infância feliz.  

Nos anos seguintes, inaugurámos a Casa de Acolhimento Residencial (CAR/Aldeia SOS) de Gulpilhares, em Vila Nova de Gaia (1980), a Casa de Acolhimento Residencial (CAR/Aldeia SOS) da Guarda (1986) e fechámos a década com a comemoração dos 25 anos da Associação e a presença de Helmut Kutin, Presidente das Aldeias de Crianças SOS internacional (1986-2012). 

Trabalhamos sempre para garantir o melhor apoio e cuidado às crianças e jovens que acolhemos, para que estas se desenvolvam e cresçam saudáveis. Em 1996 construímos campos de jogos e piscinas nas 3 Casas de Acolhimento Residencial (CAR/Aldeia SOS). Mesmo antes do virar do século, fomos condecorados com a Medalha de Mérito Familiar pela Confederação Nacional das Associações de Famílias, em 1999. 

Em 2005, a fundadora Maria do Céu Mendes Correia foi agraciada pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio (1996-2006), com o Grande Oficial da Ordem de Mérito (uma das mais altas condecorações de Portugal) pelo seu trabalho em prol das crianças e jovens. Em 2007, a Associação foi contemplada com o Prémio Gulbenkian de Beneficência, pelas comemorações do 50º aniversário da Fundação Calouste Gulbenkian. Nesse mesmo ano, a Casa de Acolhimento Residencial (CAR/Aldeia SOS) de Bicesse fez 40 anos.  

A década seguinte foi de muita evolução: demos início ao Programa de Fortalecimento Familiar em 2012, com a abertura do Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP) de Rio Maior; seguiu-se o CAFAP da Guarda em 2013 e o CAFAP de Oeiras em 2015. Os Centros Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental são locais onde as equipas especializadas acompanham famílias com crianças e jovens, para os fortalecer e ajudar a permanecer juntos, em família. 

Em 2014, as Aldeias de Crianças SOS completaram 50 anos de existência em Portugal, um marco muito importante para a Associação. A nossa missão é cuidar de crianças e jovens que se encontram em situação de vulnerabilidade, promovendo o seu desenvolvimento e autonomia, através do acolhimento em ambientes reparadores de cariz familiar e do fortalecimento das suas redes familiares, sociais e comunitárias. Vai então muito além do acolhimento: providenciamos cuidados reparadores a crianças e jovens que viveram situações potencialmente traumáticas e fortalecemos famílias.

O nosso trabalho é ditado pelas necessidades e características das crianças e jovens que acolhemos. Esta exigência e responsabilidade carece de cada vez mais sustentabilidade financeira para garantir um cuidado reparador com cada vez mais qualidade e maior planeamento de novas respostas sociais e abertura de novos Programas, a longo prazo. 

Assim, em maio de 2016, a Associação alargou os horizontes na área da angariação de fundos, com o início do Projeto Face to Face. O Projeto Face to Face (F2F) é um método internacional de angariação de fundos, que consiste em promover o trabalho da Associação pelas ruas, junto da população, e convidar as pessoas a tornarem-se doadores regulares, neste caso, Amigos SOS. Os nossos Amigos SOS são pessoas que generosamente nos doam um valor, mensalmente, o que nos permite planear o crescimento dos nossos Programas em Portugal. Pelo F2F, já passaram mais de 500 recrutadores que levaram o nome e trabalho da Associação de Norte a Sul do país. Com o Projeto Face to Face, aumentamos o número de doadores regulares de cerca de 360 para mais de 12.700 em apenas 6 anos, o que nos permitiu abrir novas respostas sociais, chegar a mais crianças e jovens e melhorar a qualidade da intervenção. Os nossos parceiros empresariais também têm sido um grande apoio ao longo da nossa caminhada por um mundo melhor.

O ano de 2020 e a pandemia de Covid-19 foram especialmente desafiantes para todos e as Aldeias de Crianças SOS não fugiram à regra. Graças à resiliência de todos (equipas, cuidadores, parceiros, crianças e jovens, famílias e voluntários) e à generosidade dos nossos doadores particulares e empresariais, conseguimos superar as adversidades e reinventarmo-nos numa altura de tantas incertezas, mas sempre com a certeza de que a solidariedade não ficava de quarentena e que as crianças e jovens que acompanhamos tinham todo o nosso esforço e dedicação. A dinâmica das equipas no terreno (tanto nas Casa de Acolhimento Residencial/Aldeia SOS como nos CAFAP) foi intensa e complexa, para proteger todos os envolvidos. Nas Casa de Acolhimento Residencial/Aldeia SOS, todos tiveram de se ajustar ao ensino à distância. Foi uma construção progressiva, que mobilizou de forma incansável os cuidadores, equipas técnicas, professores e tutores online. Os donativos recebidos por parte dos nossos doadores e parceiros foram imprescindível para que todas as crianças e jovens tivessem equipamentos e recursos de apoio ao estudo. O confinamento trouxe novas rotinas, novos compromissos e a consolidação de objetivos e de laços.  

Campo de Refugiados de Moria, Grécia, 2019

Em 2021, aumentámos o Programa de Cuidados Alternativos (onde apenas vigoravam as Aldeias SOS) com respostas sociais direcionadas para a fase de Autonomia e Integração. Apoiada pelo FAMI e ACM, a resposta de Autonomia Supervisionada é dinamizada pela Equipa de Autonomia Supervisionada (EAS) para Jovens Estrangeiros Não Acompanhados (JENA). Os JENA são jovens que chegam ao nosso país, vindos de campos de refugiados da Europa e são encaminhados até à Associação pelo Instituto da Segurança Social, com um certo nível de autonomia, mas sem qualquer suporte familiar. As nossas equipas acompanham os jovens, de modo a que estes se integrem o melhor possível na nossa sociedade.

Também em 2021, vimos o Programa de Fortalecimento Familiar crescer, com a abertura do CAFAP de Vila Nova de Gaia, para dar resposta a cerca de 50 famílias do concelho que precisam de suporte.  

No ano de 2022, voltámos a crescer! O Programa de Cuidados Alternativos viu a área de Autonomia e Integração efetivar a resposta social de Apartamentos de Autonomização para 5 jovens, num Acordo de Cooperação celebrado com o Instituto da Segurança Social. Estes são apartamentos da Associação inseridos na comunidade, onde os jovens podem residir e serão apoiados pelas nossas equipas na sua integração e transição para a vida adulta, com autonomia e confiança.  

A nossa vontade de crescer e fazer cada vez melhor vai ao encontro da nossa visão: cada criança pertence a uma família e cresce com amor, respeito e segurança. Todas as crianças têm direito a ter o seu bem-estar assegurado para serem os autores da sua própria história.  

 

Obrigado a todos os corações generosos que, connosco, fizeram este lindo percurso. Juntos, caminhamos para um mundo onde nenhuma criança cresce sozinha. Junte-se a nós! 

Acredite num mundo onde todas as crianças crescem em amor e segurança. 

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