#Família

A história de Siraj

Equipa de Autonomia Supervisionada

Siraj – nome fictício –, nacional da Gâmbia, vivia com os seus pais e irmã no seu país de origem. Filho de pais de culturas diferentes, após o falecimento do seu pai, quando tinha apenas 13 anos, dadas as suas convicções religiosas foi separado da sua mãe e irmã, tendo sido colocado numa instituição onde foi física e psicologicamente torturado durante meses consecutivos. Após algum tempo conseguiu fugir da instituição, tendo feito uma travessia até à Grécia.  

Movido pela vontade de se estabelecer de forma autónoma em Portugal, Siraj decidiu integrar o mercado de trabalho em regime part-time, conciliando esta atividade com os seus estudos e atividade desportiva.   

O jovem tem-se demonstrado hábil, mantendo contactos com jovens e adultos ao longo da sua chegada e integração em Portugal, estando ciente da importância de uma rede de suporte. Tem sido visível a abertura e disposição deste a novos contextos, tendo participado em eventos e atividades propostas pela equipa e outras organizações sociais.   

Em abril 2022, após sinalização do jovem para a Equipa de Autonomia Supervisionada (EAS) da Associação das Aldeias de Crianças SOS, solicitou o nosso apoio para reencontrar a sua mãe, uma vez que perdeu o contato com a mesma depois do falecimento do seu pai. Após restabelecer o contacto com a sua mãe percebeu que a mesma precisou de sair da Gâmbia, vivendo atualmente no Senegal com as duas irmãs em situação precária.

Tanto a mãe como a irmã do meio encontram-se com problemas de saúde graves estando a precisar de cuidados médicos urgentes. Desde então, Siraj tem mostrado uma enorme vontade em solicitar o reagrupamento familiar das mesmas. Foi acompanhado pela EAS nesse sentido, estando atualmente em processo de pedido de reagrupamento familiar na primeira fase de recolha e autenticação de documentos para posterior envio para Portugal.   

O processo de reagrupamento familiar tem um custo bastante elevado, sendo que o jovem terá de suportar todos os custos relacionados com 1) tradução de documentos (certidão de nascimento de todos os elementos, certidão de óbito do pai e passaportes), 2) autenticação de documentos, 3) obtenção passaporte para mãe e irmãs e, 4) pagamento viagens desde Senegal até Portugal, caso o pedido seja aceite pela entidade competente.   

Apesar da incerteza da aceitação do pedido, ele só poderá ser feito com a devida tradução e autenticação dos documentos referidos.   

Ainda que Siraj esteja a trabalhar em regime part-time, o jovem vive em Autonomia Supervisionada, estando a residir num quarto alugado na comunidade sendo responsável por assegurar todos os custos inerentes à sua vida em autonomia. O valor não é suficiente para fazer face às despesas e processo de reagrupamento familiar.   

Contudo, apesar dos desafios que Siraj tem enfrentado, a perseverança é umas das suas qualidades essenciais, continuando a lutar para construir um futuro melhor, mais estável e seguro para si e para a sua família. O seu foco mantém-se na garantia das suas necessidades e nas da sua família, e em estudar para alcançar o seu sonho de prosseguir estudos universitários.  

Deste modo, reconhecendo a importância da família, a Equipa de Autonomia Supervisionada mantem um acompanhamento próximo e especializado, apoiando na dinamização e avaliação contínua das necessidades biopsicossociais de cada jovem e eventuais propostas de encaminhamentos promovendo a articulação com os recursos comunitários disponíveis nas diferentes áreas da vida de cada JENA, nomeadamente SEF, serviços de integração e migração, da saúde, educação, formação profissional, segurança social, entre outros. 

As Aldeias de Crianças SOS são a maior organização do mundo a apoiar crianças e jovens em perigo ou em risco de perder o cuidado parental.
 

Acredite num mundo onde todas as crianças crescem em amor e segurança. 

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