A complexidade do trabalho no AR está associada a uma multiplicidade de fatores. Fatores de dimensão alargada (legais e sistémicos) e de dimensão estrita. Estes últimos são de ordem organizacional, contextual e individual, isto é, relacionados com as próprias casas de acolhimento, equipas, crianças e jovens acolhidos, e suas famílias.
Em todo o mundo o perfil das crianças e jovens acolhidos tem vindo a complexificar-se bastante ao longo dos anos. São crianças e jovens com experiências marcadas pela adversidade e trauma, com consequências em termos do seu ajustamento emocional e comportamental, muitas vezes com particulares necessidades de acompanhamento educativo e de saúde (física e mental).
A maior parte dos novos acolhimentos são de jovens adolescentes. Jovens com necessidades individuais muito específicas, estranhos entre si, que se vêm confrontados com a necessidade de viver no mesmo espaço físico, tendo que o partilhar. A vivência em grupo pode constranger a capacidade para responder às necessidades individuais de cada um. Sabemos que onde há grupos há conflitos entre os indivíduos. A gestão do grupo é, portanto, um desafio no AR.
Uma casa de acolhimento não é apenas composta por crianças e jovens, mas também pelos adultos que nela trabalham. A quantidade significativa de profissionais, necessária em serviços de laboração contínua, traz outra das complexidades. A gestão dos profissionais e da relação e comunicação entre si, a liderança das equipas, a promoção do alinhamento da intervenção, são processos muito exigentes.
O que torna o trabalho especial é o facto de ser feito em constante relação com o outro, seja com as crianças, jovens e famílias, seja com os colegas de equipa. Além do mais, tendo em conta que é de facto um trabalho complexo, exigente e desafiante, quando se obtém sucesso, isso traz uma enorme gratificação.