A minha função está intimamente associada à intervenção com as crianças e jovens, sustentada num trabalho de equipa com as cuidadoras e restantes elementos da equipa. Sou “educadora” de uma das casas e para além de funções associadas diretamente ao acompanhamento e orientação das crianças e jovens a vários níveis (educação, saúde, família, comportamento, autonomia, entre outros), também tenho a meu cargo a gestão da casa, em colaboração com as cuidadoras.
Existem algumas palavras essenciais na nossa função: relação, empatia, confiança, verdade, amor e carinho. A capacidade de nos colocarmos na “pele” das crianças e jovens que acompanhamos ajuda-nos a compreender as suas angústias, os receios e as desconfianças que sentiram em relação ao passado ou sentem em relação ao seu futuro. Uma relação próxima e verdadeira, permite-nos ser confiáveis, mostrando- -lhes que é possível acreditar no outro, na mudança e num futuro mais colorido. Esse caminho tem claramente que ser percorrido lado a lado, nas vitórias, mas também nos momentos mais difíceis. O carinho e o amor não são “treináveis”, são sentidos e demonstrados por cada um de nós, crianças, jovens ou adultos, de diferentes formas.
“O meu trabalho” é mais que um trabalho, é uma forma de viver, tal é a intensidade, a dedicação e o desgaste emocional com que nos deparamos diariamente. A certeza de que fizemos a diferença na vida de uma criança pode não ser percetível a curto ou médio prazo, mas ao proporcionamos ferramentas a estas crianças e a possibilidade de uma vida melhor, fica-nos a sensação de dever cumprido.