1 ano depois do terramoto,

a vida ainda é difícil

Haiti

A 14 de Agosto de 2021, um terramoto devastador atingiu o Haiti, deixando cerca de 650.000 pessoas a necessitar de assistência humanitária imediata. Mais de 137.000 casas e 60 instalações de saúde foram danificadas ou destruídas. No ano seguinte, as Aldeias de Crianças SOS no Haiti trabalharam para ajudar as famílias a reconstruir as suas vidas. A Diretora Nacional das Aldeias de Crianças SOS no Haiti, Faimy Carmelle Loiseau, descreve o apoio às crianças, jovens e famílias e o que mais é necessário. 

Um ano após o terramoto, como é agora para as pessoas que vivem nas comunidades mais fortemente atingidas?  

Em geral, a vida ainda é difícil. Os preços têm aumentado devido às crises políticas e económicas, levando à inflação. A escassez de combustível e as quadrilhas violentas em Port-au-Prince impediram as viagens para o Sul, onde se deu o terramoto, o que tornou a vida muito difícil para a população. Muitas famílias ainda vivem em abrigos temporários. Não podem reconstruir as suas casas devido à falta de fundos e o governo não está a dar qualquer tipo de apoio. A insegurança está a aumentar. A crise económica e a escassez de combustível conduzem frequentemente a agitação nas ruas. 

  

A nível mundial, vemos o mundo afetado pelo aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis. Como é agora a situação global no Haiti?   

Durante muitos meses, a escassez de combustível afetou todas as atividades no Haiti. A venda de combustível no mercado negro a preços quatro vezes superiores ao normal continua a destabilizar o país e a empobrecer a população. O preço do combustível não aumentou propriamente nas bombas, mas como na maioria das vezes aos postos de abastecimento não têm combustível, a população é forçada a comprá-lo a preços elevados no mercado negro. Este e os outros problemas políticos e de segurança no país resultaram num aumento considerável do custo de vida, o que aumentou o risco de grande insegurança alimentar, especialmente para as comunidades já vulneráveis. 

As Aldeias de Crianças SOS, através do seu programa de emergência, apoiaram das seguintes formas:  

 

  • Recuperação emocional para as crianças e os seus pais. 

  • Sensibilização da comunidade para a proteção das crianças através das diferentes campanhas e catividades como as formações de proteção infantil. 

  • Espaços ‘amigos das crianças’ para oferecer um lugar seguro para as crianças aprenderem e brincarem. As crianças estão contentes com as atividades e mais conscientes dos seus direitos, e os seus pais estão mais envolvidos na sua educação. 

  • Fornecimento de alimentos para as crianças nos nossos espaços amigos das crianças, comprando todos os bens e produtos às pessoas da comunidade para apoiar as empresas locais. 

Na nossa intervenção, enfatizamos a participação da comunidade. Sensibilizámos os líderes e membros da comunidade para as questões de proteção das crianças, para que possam assegurar a mobilização das comunidades em torno do projeto.  

Observámos certas mudanças a nível comunitário, tanto nas relações interpessoais entre adultos como no tratamento de crianças. A maioria das crianças afirma que há muitas mudanças tanto do lado dos seus pais como do seu lado. Uma das crianças contou-nos: "Tornei-me no querido da casa". De acordo com estas crianças, os seus pais têm-se tornado cada vez mais tolerantes e compreensivos.  

Todos os pais acreditam que o programa oferece informações essenciais sobre aspetos importantes da paternidade e sobre as noções de direito e proteção da criança. A maioria concorda que as sessões de formação trouxeram uma verdadeira mudança na forma como abordam as responsabilidades parentais. 

Quantas pessoas ajudaram desde o terramoto?  

Após o terramoto, as Aldeias de Crianças SOS prestaram apoio psicossocial às crianças e suas famílias. Fizemo-lo imediatamente para 247 crianças, realizando avaliações psicológicas quando necessário, oferecendo atividades recreativas e psicossociais, e assegurando que as crianças recebessem refeições durante cada atividade. Além disso, 430 famílias - cerca de 1.600 pessoas - receberam kits de abrigo, formação em proteção infantil para emergências e uma avaliação psicológica. Agentes governamentais e pessoal de cuidados diretos receberam formação mais aprofundada sobre proteção de crianças.  

Quando os pais e membros da comunidade recebem formação sobre cuidados e proteção infantil, todas as crianças da comunidade podem beneficiar indiretamente. 

Quais têm sido os principais desafios na prestação de ajuda ou na ajuda à recuperação das famílias ao longo do último ano?  

Há muitos desafios que impediram ou atrasaram a intervenção após o terramoto. Entre eles: a insegurança, a crise económica e política e a escassez de combustível.  

A capital Port-au-Prince é o principal local para encontrar bens e produtos. Os projetos e atividades não podem decorrer sem problemas porque os bandos estão a bloquear a estrada nacional e a impedir a circulação normal de pessoas e bens entre a capital e outras regiões. Os materiais adquiridos em Port-au-Prince não podem ser imediatamente transportados para Les Cayes. Esta situação tem causado enormes atrasos na implementação de algumas atividades do projeto. 

  

A ajuda internacional foi eficaz na prestação de auxílio à população?  

Foi definitivamente eficaz na prestação de algum alívio. No entanto, as necessidades são ainda enormes. Embora a ajuda tenha chegado a muitas pessoas, há comunidades que ainda não receberam apoio adequado. O apoio internacional que as Aldeias de Crianças SOS receberam de doadores de todo o mundo foi de grande ajuda e permitiu-nos apoiar muitas famílias e crianças. 

A ajuda ainda é necessária para recuperar do terramoto? Em caso afirmativo, que trabalho está previsto pelas Aldeias de Crianças SOS?  

A ajuda é definitivamente necessária. As Aldeias de Crianças SOS pretendem ajudar o maior número possível de comunidades para que as famílias recuperem a sua independência. O nosso objetivo é assegurar que os direitos das crianças sejam protegidos. 

Diretora Nacional das Aldeias de Crianças SOS no Haiti, Faimy Carmelle Loiseau

Esta notícia internacional
foi publicada em agosto/2022

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