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MOÇAMBIQUE

Tempestade Idai provoca 557 mortos em três países.

Continuam os esforços para resgatar os sobreviventes da subida das águas.

O ciclone tropical Idai atingiu a cidade costeira da Beira na passada quinta-feira, 14 de Março, com velocidades de vento de 190 km/h. A tempestade causou grandes inundações no centro e norte de Moçambique, matando mais de 240 pessoas e ferindo 1.400 (números de vítimas em Moçambique, até este momento).

As Nações Unidas informam que mais de 1,7 milhão de pessoas em Moçambique, incluindo cerca de 260 mil crianças, foram afetadas pelo Ciclone Tropical Idai. A tempestade também causou danos no país vizinho Zimbábue e agravou a emergência humanitária em Malauí, onde estima-se que 920 mil pessoas ainda estavam a recuperar das enchentes devastadoras de uma tempestade anterior.

 

"A situação é horrível, é difícil de descrever"

Aílton Muchave é o Diretor do Programa Nacional das Aldeias de Crianças SOS de Moçambique. Chegou à Beira na quarta-feira (20 de Março) para iniciar a avaliação do impacto da tempestade nos programas SOS e na comunidade em geral.

Descreva a situação na Beira hoje...

Muitos edifícios perderam o telhado e há casas que foram completamente destruídas. Quando mudamos para a periferia da cidade, encontramos mais pessoas afetadas. As suas casas foram destruídas. Muitas pessoas morreram e os hospitais estão realmente cheios. A situação é horrível, é difícil de descrever.

Beira está isolada, a única forma de chegar aqui é de avião. Temos muita urgência em conseguir alimentos. 

Há abrigos suficientes na cidade?

Numa cidade com mais de 500.000 habitantes, estima-se que haja 66.000 pessoas deslocadas. Existem atualmente cerca de 100 abrigos disponíveis. A situação nos abrigos não é boa. Outras organizações estão a tentar montar tendas nesses abrigos. Ainda temos pessoas a passar por momentos difíceis, sem abrigo e não há comida suficiente. O governo preparou um navio para distribuir mantimentos para as pessoas deslocadas.

Tivemos duas catástrofes - o ciclone que afectou a Beira e as cheias que afectaram as províncias. O exército tem utilizado helicópteros nas áreas completamente inundadas para resgatar pessoas para a Beira. Ainda não há espaço para fornecer abrigo a todos.

Como estão as crianças e colaboradores da Aldeia SOS?

As crianças estão bem e seguras, mas estão assustadas. A maioria dos nossos colegas estão muito afetados - alguns perderam as suas casas e as suas família tambem foram afetadas. Estamos a dar algum apoio psicológico aos nossos colegas.

Em que condições está a Aldeia SOS?

Na Aldeia SOS tivemos muita sorte. As nossas casas são muito boas. As casas na área circundante perderam os telhados. A Aldeia SOS perdeu 22 árvores. Atualmente, a equipa está a remover as árvores caídas e os destroços. Dado que não há escola, iniciámos grupos de estudo para as crianças.

Não temos eletricidade nem água corrente nas casas. Também estamos preocupados com os hospitais e centros de saúde. Alguns deles foram destruídos e muitas pessoas precisam de ajuda na cidade. Estamos a trabalhar para comprar alimentos e garantir que as crianças e as famílias têm alimentos para os próximos 30 a 60 dias.

O nosso técnico de saúde tem todo o equipamento necessário para prestar primeiros socorros. 

Neste momento, estamos mais preocupados com a água e o saneamento. Não temos purificação de água e os suprimentos de purificação de água não estão disponíveis.

As escolas são afetadas?

Não há escola e não sabemos quando haverá condições para que as aulas sejam retomadas. Muitas das escolas foram danificadas e as que ainda estão de pé estão a servir de abrigo.

Qual é a situação das crianças e pais no fortalecimento familiar?

Estive a conversar com três mães e a situação é muito preocupante. Estas famílias mudaram-se para os abrigos que foram criados pelo governo para acomodar as pessoas que foram deslocadas. Há muitas pessoas sem casas atualmente. Podemos dizer que 80% perderam as suas casas e 100% foram afetadas por isso.

Todos os bairros onde essas famílias viviam foram completamente afetados. Mas ainda precisamos fazer uma avaliação completa das necessidades dessas famílias, o que faremos nos próximos dias.

 

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