Nova crise humanitária em Moçambique:
milhares forçados a fugir.

Milhares de pessoas a fugir de ataques mortais no Distrito de Palma, no norte de Moçambique, levaram a uma crise humanitária. Segundo consta, dezenas de civis foram mortos num ataque no dia 24 de março por grupos armados não estatais em Palma, levando a confrontos contínuos com as forças de segurança do governo. Mais de 9.000 pessoas fugiram (sendo que quase 50% são crianças) a pé, de barco e de estrada para os distritos vizinhos, incluindo a capital da província de Cabo Delgado - Pemba, onde está localizada uma Aldeia de Crianças SOS.

Pessoas deslocadas estão a inundar a cidade de Pemba em busca de segurança e ajuda”, disse Clemence Langa, Diretora Nacional da Associação de Crianças SOS de Moçambique.

O conflito, diz ele, está a afetar principalmente mulheres e crianças que são expostas a diferentes tipos de violência, como tráfico, exploração, abuso e negligência, violência sexual e de género, exploração sexual e sofrimento psicossocial. Mais de 90% dos deslocados vivem em condições de superlotação em casas de parentes ou amigos em Pemba, cujos já escassos recursos estão a ser ainda mais afetados.

Há uma necessidade urgente de agirmos”, disse Langa. “No momento, estamos a implementar um projeto humanitário financiado pelas Aldeias de Crianças SOS da Dinamarca, que termina no mês de abril. Temos suplementos de emergência em estoque, como kits de prevenção COVID-19, kits de purificação de água, kits de dignidade, embalagens de alimentos, comida e ferramentas agrícolas. Estamos a trabalhar com os governos da província e locais e parceiros para distribuir o que podemos. No entanto, à medida que a instabilidade política e a crise forem aumentando, mais será necessário.”

“Também estou extremamente preocupado com a situação de segurança na Aldeia de Crianças SOS em Pemba, visto que o desespero de algumas pessoas está a fazer com que intrusos entrem na Aldeia. Estamos a trabalhar para garantir a segurança de colegas de trabalho e das crianças sob os nossos cuidados, ao mesmo tempo em que respondemos àqueles que precisam da nossa ajuda. Também estamos a fornecer apoio psicossocial e de proteção para as cuidadoras/es de referência e crianças que vivem em campos de reassentamento.”

A escalada da violência em Palma surge num momento em que mais de 1,3 milhões de pessoas já necessitavam de assistência humanitária urgente e proteção, quer em Pemba quer nos distritos e províncias vizinhas de Niassa e Nampula.

As respostas humanitárias das agências e parceiros da ONU, em estreita coordenação com o governo, aumentaram o seu apoio aos deslocados, distribuindo alimentos, cobertores, colchões e kits de aprendizagem, além de fornecerem apoio médico e psicossocial aos necessitados.